Meu discurso já está pronto desde a década passada, desde 2019, quando recebi o honroso convite para aqui estar. E vocês, desde então, estão aguardando esse sonhado momento, o coroamento de cinco anos de batalha, experenciando a dor e a delícia de serem estudantes…
Muito bem, depois de tudo pronto para o grande dia, uma semana antes da formatura, o Brasil parou – a sonhada formatura não aconteceu
– Imagino a ansiedade de vocês diante do não saber…
É, o mundo foi suspendo pela desoladora COVID 19, que engendrou a pior crise sanitária vivida. Em nosso país, esse fenômeno alterou drasticamente a vida de pelo menos 670 mil famílias, que perderam um amor.
O horror vivido nos colocou (novamente) defronte ao fato de que, de uma hora para outra, a vida termina.
Com isso, acabei alterando minha fala para incluir outra reflexão, que hoje não é mais para formandos, senão para meus colegas já psicólogas e psicólogos e também para as arquitetas e arquitetos:
Já não é mais possível vivermos como se tivesse ao nosso alcance um estoque inesgotável de tempo, fechando os olhos para a morte. Ela está aí e alcança a todos.
E como lembra Arantes, o que torna a morte de um amor menos sofrida é quando conseguimos olhar para trás e dizer… sim, eu o amei e confirmei muito, e ele se foi seguro de meu amor.
A isso se chama RECONHECIMENTO
Que possamos no reconhecer em vida, afinal, só se alcança ser alguém, pelo olhar do outro, que nos enaltece, que nos valoriza, QUE NOS CONFIRMA.
E uma sociedade é chamada de humana na medida em que seus membros confirmam uns aos outros (Bubber). Confirmam seus talentos, suas capacidades, suas potencialidades.
E é nessa linha que conclamo:
Psicólogas e psicólogos, por falar em reconhecimento,
Reconheçam a dor do outro como de fato ela é: única. Essa dor que, traz em si uma marca e a capacidade da transformação, desde que o sofrimento seja aceito, acolhido e cuidado.
É que a libertação de dores, ou melhor, a transformação delas, depende, em grande parte, de se conseguir entrar em contato com o sofrimento e enfrentar a verdade da infância. Para isso, é importante que a pessoa que conta a sua história esteja acompanhada de uma “testemunha esclarecida” (lembram de Alice Miller?).
Que vocês sejam essas testemunhas esclarecidas, capazes de adentrar nos porões existenciais. E que, estando lá, possam abrir a estrada que leva à verdade emocional. Assim, histórias podem ser ressignificadas, criando espaços para as mudanças buscadas, abrindo caminho para uma vida de auto-validação, confiança em si e a certeza de se ser merecedor de amor, cuidado e respeito.
Nessa estrada, terão possibilitado aos que lhe vêm, a que se tornem a melhor mãe de si mesmos. Essa mãe que viabiliza a realização de potencialidades, ou seja, enseja a que se viva plenamente o que é possível, nos limites impostos pelas circunstâncias (Calligaris).
Mas, é importante frisar que, narrativas trazidas pelos que vem até nós, remetem-nos a nossas próprias dores e medos, levando-nos a vivências de nossas vulnerabilidades. Então, minhas queridas e queridos, para que consigam ser estas testemunhas esclarecidas, vocês precisam também e principalmente se RECONHECER, serem cuidadosos, generosos e amorosos consigo.
Precisamos ser também a nossa melhor mãe, cuidando e acalentando a nossa criança interior.
Finalmente, e agora minha fala é para todos, que possamos trazer o dia dos namorados (que é amanhã) para todos os dias, assim como o dia das mães, dos pais, das crianças, melhor ainda, o dia das famílias, de forma a que não precisemos mais de datas especiais para dizer – EU TE AMO.
EU AMO VOCÊS!
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